sábado, 30 de outubro de 2010

Por que votar em José Serra

Paradoxalmente, gostaria de começar examinando os principais motivos para não votar em José Serra:

1)Política tributária: Serra não traz no seu discurso uma preocupação forte com diminuição do tamanho do Estado e redução tributária expressiva, a meu ver as duas coisas mais importantes para o Brasil neste momento.

2) Escândalo Paulo Vieira de Souza: o PT acusou Paulo Vieira de Souza, engenheiro ligado ao governo de Serra, de desviar 4 milhões de reais da campanha, supostamente arrecadados através de caixa 2, e de outros desvios quando era responsável pelo relacionamento do governo de SP com empreiteiras na obra do Rodoanel. Não sei se a denúncia procede, mas a atitude de Serra foi de escamotear o assunto, em vez de encará-lo. Entendo que, em campanha, políticos tentem evitar danos às suas imagens, mas esta atitude passou uma péssima mensagem ao povo brasileiro com relação ao tema da corrupção.

Isto posto, creio que Serra está longe de ser o candidato ideal. Infelizmente (ou felizmente), na democracia representativa muitas vezes somos obrigados a fazer, não a escolha ideal, mas a melhor escolha possível dentro do contexto que se coloca. Mas sempre com uma condição: não violentar nossos princípios básicos, e no meu caso não roubar é um desses princípios. As razões para não votar no PT já apresentei em outro post. Apesar da atitude inadequada de Serra frente à corrupção no caso Paulo Vieira de Souza, ainda acho que ele é a melhor alternativa. Esses são meus argumentos:

1) Alternância no poder – Eça de Queirós sintetizou este princípio com uma frase lapidar: "Os políticos são como fraldas: devem ser trocados periodicamente, e pelo mesmo motivo". À medida em que o tempo passa, os políticos e seus cargos de confiança tendem a colocar o poder para funcionar a serviço de suas agendas individuais, e aí surgem os vícios. Uma saudável rotação no poder quebra periodicamente este ciclo, diminuindo a roubalheira.

2) Minoria no legislativo – é curioso como o PT usa a maioria que conquistou no legislativo como peça de campanha. Na minha opinião, o melhor cenário – para o povo - é aquele no qual um governante tem minoria no legislativo, ou seja, é continuamente fiscalizado pela oposição. É assim que se faz democracia, com pluralidade, e não com hegemonia.

3) Não-aparelhamento do Estado brasileiro – O Reinaldo Azevedo em O País dos Petralhas comentou uma coisa com a qual concordo totalmente: a corrupção do PT é ainda pior do que a corrupção de um canalha como o Maluf, por exemplo. Explico: corruptos como o Maluf roubam para enriquecimento pessoal (o que é criminoso e nojento). O PT vai além disso: aparelha o Estado brasileiro, corrompendo o legislativo, o STJ, o Ministério Público, e agora quer tutelar a imprensa com essa conversa mole de “imprensa golpista” (que é o nome que eles dão para quem fiscaliza a roubalheira deles). Em um governo do PSDB, podemos ver corrupção, mas não o aparelhamento sistemático do Estado que o PT faz, e que compromete os pilares da democracia brasileira (volto a lembrar que eles foram contra e não assinaram a Constituição Brasileira de 1988).

4) Competência como gestor – José Serra é, claramente, um gestor muito mais profissional e qualificado do que Dilma Rousseff. Serra desde o final da década de 70 está na vida pública, foi deputado, ministro, governador, prefeito, foi constituinte em 1988, participou do governo FHC (que pôs o Brasil nos trilhos) e foi um ministro da Saúde muito competente. Quanto à Dilma, não é preciso dizer muito. Quem assistiu a um debate sabe a pobreza das suas idéias e de sua pífia capacidade de expressão e liderança.

Amanhã vou me dirigir às urnas para votar em José Serra com a consciência tranquila de quem está lutando pelo que é melhor para o nosso país. Não sei qual será o resultado, mas fico feliz de viver numa democracia e de poder participar desse processo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Por que não votar no PT

Na véspera da eleição, gostaria de abrir meu voto e apresentar meus argumentos.

Na minha opinião, o PT tem dois tipos de eleitores:
1. Os que votam no PT para ter algum benefício direto. Entram nessa categoria ocupantes de cargos de confiança, funcionários públicos que gostariam de ter mais segurança nos seus empregos, os que trabalham nos sindicatos e no próprio partido, etc. E mais os seus parentes.
2. Os que querem mais justiça, mais liberdade, o fim da miséria e da fome, melhor distribuição de renda, e ainda acreditam que o PT trabalha para isso.

Quanto aos da primeira categoria, são eleitores que votam conscientemente. De acordo com a consciência deles, é claro, que acha justo que a maioria das pessoas trabalhe feito burros de carga para pagar impostos da ordem de 35% da sua renda e depois tenha que contratar serviços de saúde, segurança e infra-estrutura privados porque esse dinheiro todo vai para manter um estado inchado, cheio de privilegiados com estabilidade, “plano de carreira”, licença-prêmio e o escambau. Eu pessoalmente acho isso uma injustiça, e creio que todos deveriam ter condições iguais de competição, e serem recompensados pelos seus resultados. Acho um absurdo que exista uma casta de trabalhadores estatais privilegiados, mas entendo que os que pertencem a essa casta queiram defender a sua boquinha; é uma questão de consciência, e essas pessoas fazem sua opção. Num país onde vigora a democracia – que, com todos os seus defeitos, creio ser o sistema de governo mais justo que foi criado até hoje – as pessoas têm o direito de defender seus interesses, por mais abjetos que eles pareçam aos outros.

O que me preocupa são os da segunda categoria. São aqueles que lutam por valores elevados – os mesmos valores pelos quais eu luto – mas que defendem um partido que não mais luta por essas bandeiras (se é que um dia já lutou, o que duvido). Vamos item a item:
a) Mais justiça – não entendo muito de direito, mas minha definição pessoal de justiça é que todas as pessoas sejam consideradas iguais perante à lei, tenham os mesmos direitos, e que essas coisas sejam cumpridas na prática. A prática que vejo do PT é que a cumpanherada é tratada a pão-de-ló, tendo acessos a boquinhas para mamar na teta do estado, dos sindicatos (que hoje em dia são máfias que vivem em comensalismo com o patrão para explorar os trabalhadores) e do partido, e o resto do povo vive para sustentar essa malta, como a baleia que leva as cracas de carona; o problema é que do jeito que a coisa vai, logo vai ter mais craca que baleia. Outro problema: o PT apóia instituições criminosas como o MST e as FARC. (não sei se cabe falar das FARC aqui).
b) Mais liberdade – esse é o pior problema: o PT é um partido autoritário. Gostaria de contar um pouco da minha história pessoal. Durante a minha infância, minha mãe era bancária sindicalizada e fui criado praticamente dentro do sindicato. Ainda pequeninho testemunhei as Diretas Já, participei da vigília do SulBrasileiro, li o Capital em quadrinhos – não estou brincando, confiram aqui. Cresci com asco a toda forma de injustiça social, fui militante estudantil (no início dos anos 90 a Zero Hora fez uma matéria de página comigo como exemplo de pessoa precocemente engajada na política), e fiz faculdade de História, para “conscientizar as pessoas”. No fim deu certo: eu fui a pessoa conscientizada. Ao longo do curso, descobri que o mundo era infinitamente mais complexo do que a minha fantasia infantil do bem contra o mal. Quando comecei a despertar e pensar com a minha própria cabeça, começaram os problemas com os petistas. Se eu não fazia coro com eles e repetia ipsis literis seus dogmas contra o “capitalismo”, o “neoliberalismo”, a “direita”, o “imperialismo”, então eu era automaticamente reacionário, antidemocrático (essa é genial, eles acham que todo mundo que discorda deles é antidemocrático), e estava do lado dos exploradores, dos fascistas, etc. O que a gente vê hoje no Brasil com o Lula presidente é o aparelhamento sistemático do Estado, que se torna uma extensão dos interesses do partido, bem como a cartilha do Gramsci dita. Nunca é tarde para lembrar: o PT se negou a assinar a Constituição Brasileira de 1988. E como coroamento, o PT apóia alguns dos piores inimigos da democracia no mundo: a abjeta ditadura cubana, esse palhaço criminoso que (é) o Hugo Chávez e o governo iraniano de Ahmadinejad, que dispensa comentários.
c) O fim da miséria e da fome e melhor distribuição de renda – eu acredito que miséria e fome se combate com emprego e educação abundantes, num Estado democrático e livre. Ainda estamos devendo muito na educação, mas o emprego no Brasil nunca esteve tão bom. Por quê? Por que temos uma economia dinâmica, graças à aplicação dos princípios da economia liberal na política econômica do país. As bases para isto foram lançados com a abertura das importações no governo Collor, o plano Real no governo Itamar, as privatizações e a regulação do mercado no governo FHC, e o governo Lula, que manteve a economia liberal no país. Em termos de estratégia econômica, o PT não fez nada de novo em seu governo – e graças a Deus, pois ter mantido o que herdou do governo FHC foi a melhor coisa que o PT fez, e deve ser reconhecido por isso. O problema é que eles posam como se tudo isso tivesse sido gestado no governo Lula o que é UMA GROSSA MENTIRA. Em resumo: o que está tirando milhões de brasileiros da miséria são os princípios econômicos ditos “neoliberais”, cuja cartilha foi seguida à risca pelo governo Lula, apesar do PT ter votado contra o plano Real na sua criação.

Todos esses fatores que eu citei são, para mim, razões suficientes para não votar no PT. Agora, há um fator a mais: nunca se viu um partido que roubasse o dinheiro público na ordem de magnitude em que o PT rouba. Repito com palavras mais enfáticas: NUNCA SE VIU UM GOVERNO TÃO LADRÃO COMO O GOVERNO LULA. Quem acompanhou de perto o mensalão, imaginaria que, caso se tratasse de um partido sério, a “banda podre” teria sido afastada do PT, certo? Se vocês quiserem se enojar, sigam esse link: www.delubio.com.br. Não é preciso comentar nada, a coisa fala por si mesma. Aloprados, mensaleiros, Zé Dirceu, José Genoíno, Antonio Palocci, Erenice Guerra, o filho do Lula... perto de qualquer um desses escândalos, o caso PC Farias que levou ao impeachment do Collor é brincadeira de criança. Aliás, não é tarde para lembrar: quem são os ex-presidentes aliados do Lula? Sarney e Collor. É mole ou quer mais?

Não sei se vocês vão optar por votar no Serra, que também está longe de ser o candidato ideal. Eu decidi que sim, pois acho que faz parte do jogo democrático escolher o menos pior – desde que não agrida nossos valores essenciais.

domingo, 10 de outubro de 2010

Comparando os governos FHC e Lula de forma honesta

A Dilma tentou em vários momentos do debate hoje posicionar o governo FHC como um governo de maus resultados econômicos (com relação a Petrobras, privatizações, PIB, dívida pública) a partir da comparação de números. É impossível comparar os dois governos desta forma, pois o cenário econômico global é completamente distinto. FHC pegou o Brasil em superinflação (que o seu plano econômico domou), endividamento elevadissimo e com pouca participação no mercado mundial. Lançou as bases econômicas para que o Brasil pudesse experimentar o momento de crescimento que tem agora. O governo FHC, e não o governo Lula, em conjunto com a globalização da economia, é que são os verdadeiros responsáveis pela diminuição da miséria no Brasil, que é puxada por aquecimento econômico e emprego, e não pelos programas assistencialistas do atual governo. Infelizmente, a tentativa de comparar os dois governos a partir de números escolhidos a dedo e tirados de contexto (como fez esse desclassificado político que é o Ciro Gomes) ainda ilude muito gente mal informada.