segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Todo castigo pra corno é pouco


Esses dias estava indo jantar com a Lo. Parei para abastecer no caminho, e na entrada do posto de gasolina dei uma maneteada, escorreguei com uma roda pra dentro de uma boca de lobo e PUM! - lá se foi o pneu.


OK, essas coisas acontecem.


Estava chovendo pra cacete e nós estávamos dentro do posto, de maneira que pedi a ajuda de um frentista para trocar o pneu. Prontamente o jovem deu de mão no macaco e começou a girar a manivela: nheco, nheco, nheco. Nesse momento intervi e perquiri se não seria prudente afrouxar os parafusos antes de erguer o auto. Ouvi como resposta que "cada um tem seu jeito de trocar pneu, mas se o sr. quer assim...". Após afrouxar os dito-cujos, o próximo movimento do mancebo foi encaixar o macaco diretamente na lataria do meu carro e começar a girar a manivela novamente. Obviamente me intrometi e solicitei que o encaixe fosse realizado de maneira a levantar o carro, e não destruir a lanternagem. Nessa altura ele admitiu nunca ter trocado um pneu antes. Quem diria, eu nunca imaginaria isso. Mas de qualquer forma, imaginem a felicidade desse profissional, agachado ao pé de um carro numa chuva monumental, com o guids branco todo engraxado e ainda ouvindo pitaco de um mané que nem pra trocar pneu se presta. Pelo menos ganhou R$ 10,00 no final, que depois descobri ser mais do que cobram pra trocar um pneu numa casa especializada.


De lá fui no Chacralino, meu fornecedor oficial, para consertar o pneu danificado. Obviamente o dano era irreparável. Perguntei se não haveria um estepe à venda, um daqueles bons da Robauto. Há? Claro que não há.


Passei dois dias pensando em como economizar no pneu. Aí tive uma grande idéia. Fui no Carrefour e comprei o pneu com Vale Alimentação, pela módica quantia de R$ 279,00. Saí faceiro, com o pneu num carrinho de supermercado. Voltei no Chacralino para fazer a substituição do pneumático. ÓBVIO que eu tinha comprado o pneu errado. Achei que o modelo (P6000) era suficiente, mas descobri que aquele monte de números no lado do pneu NÃO eram o CNPJ da Pirelli. Ó vida. Voltei no Carrefour e depois de encarar uma fila monstro com um pneu debaixo do braço troquei o maledetto por um DVD player e uma porrada de ração de gato.


Aí me rendi. Cheguei à conclusão que ia ter que abrir a mão. Fui no fornecedor oficial Pirelli, a EXCELSIOR PNEUS, compre aqui e pague rodando... a bolsinha. Comprei o pneu, mais a geometria, balanceamento, cambagem, alinhamento, o cazzo. Pela bagatela de R$ 328,00.


Ah. E também descobriram que os amortecedores dianteiros estão vazando. Que delícia!


Saí da Excelsior rodando pela Sertório e percebi que para andar com o carro reto eu precisava ficar com a direção num ângulo de 45o para a esquerda. Voltei pra loja. Alinha a direção, faz a geometria, alinhamento, etc. de novo. Ficou a mesma coisa depois? Claro que não. Porca miséria.


Isso foi na semana passada. Hoje deixei o carro no chapeador por causa de uma batidinha básica que eu dei no mês passado. Fora isso, esse mês eu só vou ter que trocar os amortecedores, a surdina, pagar o IPVA e renovar o seguro. É mole?


Uma última coisa, para vocês se divertirem um pouco mais. Essas são as avaliações feitas por usuários do meu pneu, o PIRELLI P6000 175/60/R14 (nunca mais vou esquecer esses números) conforme o site http://www.ivox.com.br/, seguidos dos meus comentários.


"Sociável e familiar" - poxa, esse é pra casar.

"Bom e bonito" - está melhorando...

"EXCELENTE PERFORMANCE" - Uh lá lá!

"Pneu Multimídia" - será que toca mp3? Malditos coreanos.

"Desgaste alto mas bom em água" - essa é a MINHA definição.

"Bom no seco horrivel no molhado" - ops! e por falar em divergências de opinião...

"Estável, mas caro" - tá caro tudo né?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Próximo!

Hoje experimentei sair clicando nesse botão "Próximo blog" aí em cima. Ao contrário da minha expectativa, infelizmente não achei nada interessante. Basicamente o resultado foi:

1. O blog de um francês dedicado a pregar o ódio ao Islã. Caí várias vezes nesse. Numa das vezes logo a partir do meu blog, o que me deixou envergonhado por estar perto desse cara, mesmo que isso não dependa da minha vontade. Acho impressionante um sujeito ser cristão e não entender a mensagem essencial de Cristo, que é uma mensagem de amor: perdoar, dar a outra face, amar o próprio inimigo. Eu que não sou cristão consigo entender e admirar isso.

2. Vários sites fake que servem para colocar links de putaria. Triste. Nada contra a putaria (D. H. Lawrence vem à cabeça), mas preferia que fosse um blog de putaria verdadeiro e honesto. Do jeito que está, é um bando de aproveitadores sem criatividade explorando uma ferramenta livre para fazer publicidade barata e de mau gosto.

3. Gente que não deixa o botão "Próximo blog" e mela o jogo. Bléééé.

Malditas piranhas!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O Colar da Pomba: IV - Sobre o Amor à Primeira Vista

Conforme ameacei, segue a tradução do capítulo IV d'O Colar da Pomba. É o texto relevante para o post anterior.

SOBRE O AMOR À PRIMEIRA VISTA

FREQÜENTEMENTE ocorre do Amor achegar-se ao coração como resultado de um único olhar. Essa variedade do Amor é dividida em duas categorias.
A primeira categoria opõe-se àquela que recém descrevemos, sendo aquela na qual um homem perde a cabeça apaixonado por uma mera imagem, sem saber quem a pessoa é, qual seu nome ou onde mora.

Nosso amigo Abu Bakr Muhammad Ibn Ahmad Ibn Ishaq me informou, citando uma fonte de confiança cujo nome me escapa – embora eu creia que fosse o Juiz Ibn al-Hadhadha’ – que o poeta Yusuf Ibn Harun, mais conhecido como al-Ramadi, estava um dia passando pelo Portão dos Perfumistas em Córdova, um lugar onde as mulheres iam para se encontrar, quando espiou uma jovem garota que, como disse, “capturou inteiramente meu coração, de maneira que todo o meu corpo foi penetrado de amor por ela”. Ele então abandonou o caminho da mesquita e passou a segui-la enquanto ela ia na direção da ponte, que então cruzou e dirigiu-se ao lugar conhecido como al-Rabad. Quando ela alcançou os mausoléus dos Banu Marwan (Deus tenha piedade de suas almas!) que estão erigidos sobre as suas sepulturas no cemitério de al-Rabad além do rio, observou que ele andava separadamente das outras pessoas e parecia notar apenas a ela. Caminhou então até ele e disse “Por quê andas atrás de mim?” Ele revelou quão consumido estava por ela, que replicou “Pare com isso! Não me exponha à vergonha; você não tem chance de atingir seu objetivo, e não existe forma de gratificar o seu desejo.” Ele respondeu “Estou satisfeito meramente por olhar a ti”. “Isso lhe é permitido”, ela replicou. Então ele perguntou a ela “Minha dama, és uma mulher livre ou uma escrava?” “Sou uma escrava”, ela respondeu.” “E qual é seu nome?” ele questionou. “Khalwa”, ela disse. “E a quem você pertence?” ele perguntou em seguida. A isso ela retorquiu, “Em nome de Alá, é mais fácil você saber o quê habita o Sétimo Céu do que a resposta dessa pergunta. Não procures o impossível!” “Minha dama”, ele implorou, “Onde posso vê-la novamente?” “Onde me viste hoje”, ela replicou, “à mesma hora, toda sexta-feira.” Então ela adicionou, “Você irá embora agora, ou posso ir eu?” “Por favor vá, com a proteção de Alá!” ele respondeu. Então ela partiu na direção da ponte; e ele não pôde seguí-la, pois ela permaneceu atenta para ver se ele a acompanhava ou não. Quando ela passou o portão da ponte, ele foi atrás dela mas não encontrou nenhum traço. “E por Alá”, disse Abu ‘Umar (querendo dizer, Yusuf Ibn Harun), lembrando-se da história de sua aventura, “passei a frequentar o Portão dos Perfumistas e al-Rabad o tempo todo dali em diante, mas nunca tive nenhuma outra notícia dela. Não sei se os céus a devoraram, o se a terra a engoliu; e o sentimento que tenho em meu coração é mais incandescente que carvões em brasa.” Essa é a Khalwa cujo nome ele celebra em sua poesia de amor. Posteriormente ele teve notícias dela após viajar a Saragossa à sua procura, mas essa é uma longa história.

Esse tipo de coisa acontece com mais freqüência que se imagina; Escrevi um poema sobre esse tema, que cito aqui.

Contra meu coração meu olho urdiu
À minha mente dor e angústia vil,
Qual o pecado que para expiar
Com lágrimas me precisei lavar?

Como pode meu olho encarar
Essas lágrimas que vêm me justiçar,
Vendo que em sua funda torrente
Meu olho triste se afunda totalmente?

Como nunca lhe pude contemplar
Não a reconhecerei quando chegar;
A única coisa que dela sei
Foi o primeiro olhar que lhe mirei.

A segunda categoria do Amor em discussão agora é oposta àquela que descreveremos no capítulo posterior, se Alá assim desejar. Esta se refere ao enamoramento à primeira vista com uma jovem cujo nome, local de moradia e origem são conhecidos. A diferença aqui é a rapidez ou lentidão através da qual o affair acontece. Quando um homem se apaixona à primeira vista, criando uma afeição súbita como resultado de um olhar passageiro, isso prova que ele é volúvel, e proclama que irá também repentinamente esquecer sua aventura romântica; testifica sua volatilidade e inconstância. Mas isso é assim com todas as coisas; quanto mais rápido crescem, mais rápido decaem; enquanto por outro lado o que lentamente se produz lentamente se desfruta.

Um jovem que conheço, o filho de um lojista, foi um dia observado por uma jovem de nobre estirpe, alta posição e estrito isolamento; ela o viu passando, enquanto espiava de sua casa, e afeiçoou-se a ele, sendo correspondida. Eles trocaram por algum tempo cartas, mais delicadas que o fio de uma fina espada; e se não fosse pelo fato de que não é meu propósito nesse ensaio expor tais artifícios e mencionar tais subterfúgios, eu poderia ter descrito aqui coisas tais que estou certo confundiriam os mais argutos e surpreenderiam os mais inteligentes dos homens. Rogo para que Deus em sua grande generosidade estenda sobre todos nós bons Muçulmanos a cortina de Sua compaixão. Ela sem dúvida já basta para nossas necessidades.

domingo, 2 de dezembro de 2007

O Colar da Pomba




Li um texto muito lindo hoje, que achei por acaso navegando por aí. Está no seguinte endereço: http://www.etymonline.com/columns/triskelion.htm. Se alguém não ler em inglês e desejar que eu traduza, é só pedir.


Para quem leu e se interessou, o seguinte link contém uma tradução para o inglês d'O Colar da Pomba: http://www.muslimphilosophy.com/hazm/dove/index.html.


Não existe tradução para o português. Estou brincando com a idéia de traduzir uns pedaços.